quinta-feira, 19 de junho de 2014

Artigo: Falta torcida organizada nos jogos da Seleção Brasileira?

Artigo do jornalista, mestrando em sociologia e integrante da SEE Diego Morais para o Blog do Kempes:

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Tente fazer uma pesquisa rápida entre seus amigos mais próximos. Falo daqueles que frequentam estádios de futebol, que parecem respirar esse esporte “louco” e viciante. Entre um jogo do time dele e o da seleção brasileira, para qual iria ou torceria?

Penso que o futebol exige do torcedor um contrato: te darei alegrias e tristezas, mas em troca quero tua alma e fidelidade para caminharmos juntos até o fim de nossas vidas. Poucos são aqueles que queiram carregar o estigma de ter “virado a casaca”.

Creio que o brasileiro, de maneira geral, que se envolve com o futebol, o faz primeiramente a partir de uma escolha clubística, que pode ser herdada do pai ou de amigos mais próximos. Esse pertencimento passa por uma construção simbólica, histórica e social. Conversamos sobre futebol, consumimos, vamos ao estádio, gritamos, nos emocionamos e até brigamos para defender nosso time, nossa família.

Ora, mas por que não fazemos isso com a seleção brasileira? Por que vemos torcedores de outros países cantarem e vibrarem com seus jogadores, e o máximo que conseguimos é gritar “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”?

Penso que grande parte dos torcedores brasileiros que estão nas arquibancadas na Copa não são os mesmos que frequentam os estádios durante os estaduais ou Brasileirão.

Talvez por isso, quem costuma frequentar os estádios de futebol tenha se sentido um pouco deslocado ou incomodado com certo silêncio, que não condiz muito claramente com o torcedor brasileiro.

As músicas que ouvimos – e até repetimos – nas arquibancadas brasileiras cotidianamente são feitas, em sua grande maioria, pelas torcidas organizadas. Há um trabalho criativo investido na elaboração de refrões e músicas (por menos que você goste das letras) que ecoam e ganham vida própria durante os jogos. Música para xingar o juiz; música para comemorar um gol; música para um artilheiro.

A música demarca uma identidade, um pertencimento, cria um estilo. Dizer que ouve ópera ou que ouve forró não apenas pode criar um laço estético (gosto musical), mas pode criar rótulos, nomeações: um culto, em oposição a um popular, por exemplo.

Na história mais recente (a qual me refiro especificamente aqui), muitas dessas demarcações de pertencimento, quando se fala de seleção brasileira, não foram criadas por quem está nas arquibancadas (e aqui vale citar também as constantes denúncias de corrupção e enriquecimento da CBF, gestora da seleção brasileira, que acabaram por afastar torcedores mais críticos).

Muitas das músicas são cantadas por artistas famosos e apresentados em programas de televisão numa tentativa de se estabelecer: essa agora é a música do Brasil na Copa. Essas músicas até podem chegar às arquibancadas, como “Poeira” ou “Festa”, ambas interpretadas pela cantora Ivete Sangalo, mas imagino que logo essas músicas foram apropriadas por torcidas organizadas e parodiadas como convinham para eles, suas torcidas e seus clubes.

Mas o que fazer se grande parte das torcidas organizadas brasileiras é composta por pessoas de classes mais baixas e com menos condições de frequentar os estádios da Copa do Mundo durante a Copa do Mundo? Só mesmo um movimento inverso do que ocorre hoje pode representar uma luz para quem sente falta de paixão e sons. As arquibancadas têm que falar, cantar e se apropriar.

Só mesmo a criatividade do torcedor brasileiro que frequenta as arquibancadas e gosta de futebol pode tecer novos laços afetivos com a nossa seleção. Nós gostamos dela. Torcemos por ela. Mas, muitas vezes, ela está tão distante do futebol que vivemos e pelo qual nos apaixonamos, que mal conseguimos ser afetados ou construir algo diferente.

A estes, resta repetir em coro: “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, dar um olá para as câmeras, aparecer nos telões, e se sentir parte do entretenimento.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Defesa de monografia: "Jogo de uma só torcida": o que o blog Gol falou sobre a polêmica envolvendo torcida única em um clássico-rei no ano de 2012.


O estudante de Comunicação Social e integrante da SEE Joaquim Sobreira Filho fará sua defesa de monografia.

Título:  "Jogo de uma só torcida": o que o blog Gol falou sobre a polêmica envolvendo torcida única em um clássico-rei no ano de 2012.
Data: 16/06/2014. Horário: 10h
Local: Sala Audiovisual A. Centro de Humanidades 2 da UFC.
Endereço: Av. da Universidade, 2762, Bairro Benfica, Fortaleza.